"Quando há conflito interno, há indecisão. Quando há indecisão, há demora. Quando há demora... a vida acaba". ( Robert Stevenson )
No Dia a Dia estamos constantemente dependendo de nossa capacidade de decidir.
Diariamente temos que decidir. Desde coisas banais como: que roupas usar, o que comer no Café da manhã ou qual o melhor trajeto que farei para fugir do engarrafamento do trânsito, etc. Também passando por questões mais delicadas, tais como, decisões que envolvam relacionamentos afetivos e decisões que, de alguma forma, afetam outras pessoas, no âmbito social ou profissional. Mais ainda, por questões cruciais quando de sua opção e ação diante de um perigo iminente, depende, em vários níveis, a sua vida ou a vida de outros. Esta capacidade de decidir deve ser encarada como uma habilidade a ser desenvolvida, como toda habilidade ela influirá na nossa qualidade de vida, pois qualificará a nossa capacidade para escolher amigos, e transformá-los em amizades duradouras, assim como, ajudará também em nossa capacidade de resolver conflitos.
Por ser uma habilidade, a capacidade de decidir deve, necessariamente, ser treinada. Necessariamente, por que não existe um momento igual a outro na vida. Devemos ao mesmo tempo cultivar e exercitar a capacidade de decisão e estar aberto, a todo o instante, a rever nossas decisões quando necessário, procurando sempre a solução mais ecológica.
Como podemos treinar a nossa capacidade de decisão?
A construção de uma “maestria”, nesta habilidade, inicia-se pela prática de decidir rapidamente nas pequenas questões. Para criarmos o habito de confiar em nossa sabedoria interior, devemos reforçar a confiança em nosso poder de decidir rapidamente, sem “pensar”, sem avaliar através de uma analise consciente. Quanto menos interferirmos com o nosso “consciente”, menos estaremos decidindo sob a influência de medos e preconceitos.
Por que grafei a palavra pensar entre aspas? É de uso comum, "linkar" esta palavra, à idéia de uma atividade da parte consciente de nosso Cérebro. Meu entendimento vai por outra linha. Mesmo quando não estamos analisando conscientemente uma determinada questão, ela continua a ser avaliada, cotejada, comparada e analisada por uma parte de nossa essência, que acredito ser muito mais confiável que o nosso consciente. Lembro de algo que li há muitos anos, que teria sido dito por Albert Einstein, “Quando tenho algo de pouca importância para decidir decido a nível consciente, por outro lado, quando trato com algo importante ou muito importante, formulo a questão, a duvida, reforço para mim mesmo a necessidade de uma resposta, e depois esqueço, procuro não pensar mais a nível consciente sobre o problema, quando menos esperar a resposta virá do meu ‘interior’ ”.
Na medida em que a confiança em nosso sistema de decisões for crescendo, poderemos, gradativamente, começar a tomar decisões mais firmes e rápidas em questões cada vez mais complexas.
A METAFORA DO VAZIO, A NÃO MENTE ( O MUSHIN )
Acredito que para um praticante de Aikido, estas colocações não devem soar de uma maneira estranha. Após algum tempo praticando e repetindo uma série de movimentos críticos que dependem de uma decisão rápida, num tempo certo, justo e preciso, onde o não pensar é sempre reforçado como uma condição necessária, o praticante lentamente começa a perceber uma mudança qualitativa em seus movimentos de preservação, principalmente pelo desenvolvimento de sua auto-confiança, pois esta é alicerçada em sua presteza nas decisões. E isto vem de dentro para fora, construído, germinado e frutificado por um lento e paciêncioso trabalho de repetição.
Todas as habilidades corporais ou psico-corporais estão profundamente ligadas à prática. Isto pode ser confirmado em qualquer analise Antropológica de povos e espécies ou da História das artes e dos ofícios destes Povos ou Raças. Porém, o caminho em direção a um ser mais completo e “ecológico”, não acaba com a conquista da habilidade da decisão. Existem outras habilidades a serem desenvolvidas e conquistadas. Destaco uma que está profundamente entrelaçada com a DECISÃO. a FLEXIBILIDADE, saliento esta por ser crucial para o nosso desenvolvimentos, devemos estar abertos, a todo o instante, a rever nossas decisões, quando necessário. Mas isto é assunto para outro texto.
Quais as ações para beneficiar a germinação e o desenvolvimento destas habilidades? Certamente elas não se desenvolvem através da leitura de algum livro de Filosofia ou de Auto-ajuda, de um Vídeo ou outro meio “mágico”. A “mágica” é trabalho, isto é, prática, muita, muita prática. Somente a prática continuada e constante leva à proficiência.
ROQUE C VARGAS F°
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