O Mestre dos Mestres

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M. Ueshiba - O Sensei - Grão Mestre
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Este Blog é dedicado às pessoas cuja motivação de vida seja o crescimento como ser humano. Admitindo-se que este passa pela opção de valorizar o SER em detrimento do TER e também pela difícil opção consciente que todos os grandes mestres pregam, que é a necessidade de priorizar em primeiro lugar o seu ser, pois este só poderá ser produtivo para os outros na medida em que estiver bem nos planos; físico, mental e espiritual.

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segunda-feira, 21 de maio de 2007

TEMA RECORRENTE

Fiquei muito feliz em receber o seguinte e-mail de uma pessoa residente em São Paulo, capital, que se identifica como praticante de Aikido:

"Prezado Sensei Vargas,
Consegui seu e-mail pela internet e muito respeitosamente lhe envio esta mensagem. Pratico Aikido, (faixa roxa). Na verdade, Sensei, acho que ainda não evolui o suficiente para assimilar a filosofia do Aikido. Isso porque sou extremamente competitivo, prático e imediatista. A toda hora fico imaginando se em uma situação real o Aikido realmente irá funcionar. Nos treinos, existe a cooperação do uke, mas em uma situação real de agressão isso não acontecerá. Será possível se defender de socos, chutes ou, por exemplo, do ataque de um judoca, por exemplo?"

Fiquei feliz, pois esta mensagem me dá a oportunidade de definir de uma maneira didática e definitiva a minha opinião, assim como a do grupo que orientamos, isto é, o Instituto Sul-brasileiro de Aikido, sobre este assunto, que percebemos ser uma constante em grupos de discussões de leigos e na web. Primeiramente quero estabelecer como critério básico o que consideramos um praticante de Aikido, ou quando realmente uma pessoa começa a praticar Aikido. Acho prática e didática a comparação com a trajetória dos estudos do primário até à formatura, na faculdade. Quando estamos na faixa branca, estamos no maternal (educação infantil); a faixa amarela equivale ao jardim A e B, a faixa roxa, ao ensino básico; a faixa verde, ao ensino médio; a faixa azul corresponde ao pré-vestibular, enquanto que a faixa marrom equivale ao curso de faculdade. Durante toda esta fase, o aluno, na realidade, não está praticando Aikido, ele é apenas um aspirante. Sei que é duro aceitar isso, mas só começamos realmente a ser praticantes de Aikido quando chegamos a Shodan (1° grau). Portanto aconselho que os iniciantes deixem estas questões, como comparações e testes, para depois que obtiverem, no mínimo, o grau de Shodan ou para quando tiverem mais de cinco anos de efetiva e constante prática, sob a supervisão de um Sensei (no mínimo 3° dan). Se isso não for possível, aconselho os praticantes a procurarem outra atividade que tenha um aprendizado mais fácil, pois o Aikido é realmente uma arte, com um aprendizado difícil, por ter uma dinâmica que muitas vezes vai contra o instinto natural, que é o de, diante de um ataque, enfrentar/bloquear/trancar ou fugir, pela sua filosofia de não-agressão e pela gigantesca missão, que é desenvolver dentro de si a consciência e o bom uso da energia cósmica, o Ki.

O nosso colega ainda coloca o seguinte:

"Recentemente comecei a praticar judô (faixa branca) e no randori tentei usar o Aikido, mas não consegui. Foi triste minha conclusão: ‘Não sei nada...'. É claro que sou apenas roxa, estou no ‘início do início’ do aprendizado do Aikido, mas fiquei triste pela minha inabilidade."

Consideramos a prática concomitante de outras artes marciais uma perda de tempo e contraproducente durante estas fases iniciais do Aikido, principalmente aquelas, a maioria, que deixaram de ser artes puras e passaram a ser esportes de competição. Esta atitude só faz atrapalhar o iniciante, pois o Aikido tem características únicas na sua prática, já que faz parte de um outro paradigma, muito diferente dos esportes de competição, que buscam a força física e têm como objetivo um titulo ou uma medalha.
Contudo, voltando à comparação com o desenvolvimento dos estudos formais, seria aceitável que uma pessoa que estivesse no jardim de infância ou até no ensino básico ficasse questionando os valores de uma atividade profissional ou de um conhecimento de nível superior que almejasse para seu futuro? Isso não seria um desrespeito com todas as pessoas que dedicaram anos e anos de estudos e prática naquela atividade? Por isso concordo com o prezado amigo, quando afirma:

"Bem sei que o Aikido está bem acima destes questionamentos ‘infantis’ que faço, mas preciso solucionar estes questionamentos para que eu possa evoluir."

Nosso amigo, ainda, para finalizar, diz o seguinte:

"Por mais contraditório que pareça, quem sabe se eu tivesse certeza da eficiência marcial do Aikido, isso me ajudaria aos poucos a não focar apenas no aspecto marcial da nobre arte, mas sim no filosófico/espiritual. Esta é a pergunta que deixo, Sensei Vargas: ‘Marcialmente, o Aikido é eficiente em situações reais?’."

Quero, para finalizar, aproveitar este texto para afirmar que não deve haver separação entre a questão marcial e o plano filosófico/espiritual. Tal separação seria um inequívoco desrespeito a Morhei Ueshiba (O Sensei), seria como pôr no lixo tudo que ele desenvolveu, pesquisou e estudou com o intuito de criar uma arte marcial que fosse um instrumento de transformação da sociedade e de progresso espiritual do homem. No entanto, quanto à eficiência do Aikido ou de qualquer arte marcial, ainda podemos dizer que a eficácia prática não depende da arte em si, apenas. Depende muito mais do praticante do que qualquer outra coisa. Uma pessoa dedicada, determinada e focada pode tornar-se eficiente em qualquer coisa. Gosto muito da história que li, não sei aonde, de que um famoso bailarino de balé clássico que, certa vez, se viu obrigado a se defender de um conhecido boxeador profissional. Usando apenas os conhecimentos de sua arte, que era o balé, ele nocauteou o boxeador com seus saltos e movimentos de pernas.
A nossa experiência, de mais de 45 anos de prática e ensino de artes marciais e mais de 18 anos de prática e ensino de Aikido, nos dá um senso de observação do perfil de quem procura o Aikido. Com um pouco de senso de humor, podemos estabelecer 5 tipos de perfis:

A) O fanático: aquele que chega dizendo que esta é a arte de sua vida, que a sua vida vai mudar radicalmente agora que está praticando Aikido. Este entusiasmo delirante dura no máximo um mês, já vi casos de menos de uma semana de duração.

B) O proto-sensei: aquele que desde o primeiro dia tem uma idéia fixa de um dia ser um Sensei. Ele tem tanta pressa que basta aprender os primeiros fundamentos básicos para que comece a se comportar diante de seus kohais como se fosse um Sensei.

C) O questionador: este perfil tem dois subtipos, o filosófico, que questiona até os ensinamentos de Buda, de Cristo e de Maomé, quanto mais os de Ueshiba, e o prático, que questiona a eficiência de movimentos que foram desenvolvidos durante mais de 4000 anos, desde a Índia, passando pela China e pelo Japão.

D) O atleta: aquele que vem só para pegar um pouco de preparo físico, ou seja, ele deveria procurar uma academia de musculação ou de aero-algumacoisa (sic) ou até de dança de salão, que está na moda.

E) O mente de principiante: aquele que, por mais que já saiba sobre alguma coisa, vem com a atitude de que nada sabe, e vem com a mente vazia e, pronto para aprender.

Pergunto a ti, leitor, em qual perfil você se encaixa?

R. C. Vargas Fº



4 comentários:

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

É com muita satisfação que leio este texto de nosso Sensei. Como sempre, dando-me lições de vida. Ainda mais para mim, que não tenho treinado com afinco nos últimos meses, como deveria.

Mais uma vez, muito obrigado Sensei, pela experiência que nos passa através do Aikido. O texto está maravilhoso, quiçá um dia possa me enquadrar plenamente entre aqueles que esvaziam a xícara a cada treino. Meu espírito já se renova e vou procurar não falhar mais com o Caminho.

Domo Arigatô Gozai Mashita.


Guilherme Baziewicz de Carvalho e Silva
4.º Kyu

Anônimo disse...

Caro Roque,
Gostei muito da tua classificação dos tipos que procuram o aikido. Pretendo começar em breve a praticar e creio que clarearam um pouco mais minha visão da verdadeira postura a ser seguida por aqueles que realmente querem fazer do aikido uma filosofia de vida. Muito obrigado. Gilberto Bicca

Vitor disse...

Isso Sensei! Li não sei aonde que para sequer se TENTAR usar o Aikido em uma situação real são 3 anos de prática diária.
Imagine quantos anos isso dá praticando 2 ou 3 vezes por semana.
Um abraço.
Vitor Borba.